Julho - Viagens

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Com as férias vêm as viagens. Saiba como se proteger e tomar precauções para que as suas férias não tenham nenhuma surpresa.

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Viagens

 

 

Com a chegada do verão, do sol e do calor, intensificam-se as viagens de férias, quer “para fora cá dentro”, quer para outros países. De entre estes, os destinos exóticos são cada vez mais apelativos.

Mas uma viagem internacional, seja de férias ou em trabalho, implica sempre algum risco para a saúde, seja em que altura do ano for, e por isso, para que ela decorra nas melhores condições, é essencial que se tomem precauções na sua preparação, e que se adoptem cuidados particulares durante a estadia e após o regresso.

Os riscos associados às viagens dependem de vários factores, como por exemplo, o destino, a duração da estadia e o tipo de actividades previstas. O facto de se mudar de país, e de ambiente, interfere no estado de saúde porque estão envolvidas mudanças de altitude, temperatura, humidade, fuso horário, alimentação, entre outras, que podem desequilibrar o organismo do viajante provocando mau estar ou doença.

É importante referir ainda os agentes infecciosos próprios de cada zona do globo, sendo habitualmente os chamados “destinos exóticos” abundantes em insectos passíveis de transmitir doenças. Daí ser de extrema importância que se façam atempadamente, a prevenção contra a malária e a administração de vacinas sempre que prescritas.

Outro factor a ter em conta e a avaliar são as condições higieno-sanitárias que frequentemente são deficitárias.

Para além de tudo isto cada viajante terá depois de tomar cuidados particulares relativos à sua susceptibilidade individual, e à sua condição de saúde.

Assim, a existência de uma patologia crónica e/ou a toma de medicação habitual requerem uma atenção adicional para que a viagem decorra da melhor forma.

 

Os riscos não impedem, contudo, que se viaje. O que é preciso é, antes de partir, adoptar algumas medidas preventivas. Assim, devem recolher-se informações sobre o local de destino, deve efectuar-se a consulta de medicina do viajante, e devem analisar-se, nomeadamente, os seguintes pontos:

 

- meio de transporte;

- altitude;

- calor e humidade atmosférica;

- sol;

- alimentação;

- picada de insectos.

 

Por prevenção, e sempre que possível, as mulheres grávidas e os bebés até um ano de idade devem evitar deslocações para áreas tropicais.

 

 

Meio de transporte

 

É importante ter em conta o meio de transporte. O avião, por exemplo, é mais cómodo e rápido, mas também sujeita o viajante a grandes aglomerados nos aeroportos, a ruído, a variações de temperatura e de pressão atmosférica, que são factores de stress, que diminuem as defesas do organismo e facilitam o aparecimento de náuseas, indigestões, fadiga e insónia. Além disto algumas doenças podem ser agravadas pela redução da pressão atmosférica no interior do avião, como por exemplo as relacionadas com problemas respiratórios e circulatórios.

Em acréscimo, a mudança de fuso horário, que é algo a que nem todas as pessoas de adaptam bem, exige também cuidados especiais principalmente para o indivíduo diabético, que deve adequar o horário das refeições e o da toma dos medicamentos (ex. insulina), para que não descompense.

No avião todos os medicamentos devem ser transportados na bagagem de mão, porque no porão estão expostos a temperaturas muito baixas que os alteram, embora sem que se veja.

 

 

As viagens de automóvel exigem também alguns cuidados. Deve transportar-se no carro a mala de primeiros socorros preparada com os medicamentos e outros acessórios. Quem habitualmente sofre de enjoo do movimento poderá tomar medicação para o evitar, iniciando a toma meia hora a uma hora antes da partida, continuando a tomar, com o intervalo de quatro a seis horas, de acordo com o medicamento, e de modo a que o efeito se mantenha durante toda a viagem. Nas horas antes da viagem deve ainda tomar outras precauções como não ingerir alimentos gordos e líquidos em excesso. Se o vómito surgir, não vale a pena tomar medicamentos, pois já não serão eficazes.

 

O viajante que sofra de problemas circulatórios pode tomar alguns cuidados para reduzir o risco de a doença venosa se agravar durante a viagem, seja de carro, comboio ou avião, e principalmente se a viagem durar mais de três horas. Ele deve evitar usar roupas apertadas, e deve evitar permanecer muito tempo sentado: deve levantar-se e caminhar dentro do avião ou do comboio, ou, no caso de viagem de carro, parar regularmente para caminhar. Por outro lado assim que chegar ao destino este viajante deve evitar estar muito tempo em pé ou sentado; deve, pelo contrário, fazer exercício físico, evitar a exposição ao sol, bem como as saunas e os banhos muito quentes.

 

Altitude

 

A pressão atmosférica baixa com a altitude e pode provocar em doentes cardíacos e pulmonares, bem como em doentes com fraqueza, alguma dificuldade respiratória, tonturas, dores de cabeça, vómitos e edema pulmonar. Estes doentes devem evitar estas diferenças de altitude.

 

Calor e humidade atmosférica

 

O calor e a humidade são geralmente elevados nos países tropicais, ocasionando suor abundante com perda de água e de sais minerais. Além disso a humidade, associada à transpiração, favorece o aparecimento de infecções cutâneas por fungos. Assim, para repor o equilíbrio hidro-electrolítico, e evitar o risco de desidratação, é fundamental a ingestão de água em abundância, bem como outros líquidos (sumos e sopas por exemplo), e também a ingestão de alimentos ricos em sais minerais. Por outro lado, é essencial que se mantenham uma boa higiene e hidratação diárias, para uma boa protecção da pele.

 

Sol

 

É fundamental a prevenção das insolações e das queimaduras solares. Assim deve usar-se vestuário leve de algodão, chapéu de abas largas e óculos de sol. O uso de protector solar é imprescindível devendo usar-se um de largo espectro (atendendo a escolha também ao tipo de pele e à zona do globo). As pessoas que estejam a tomar medicamentos que provoquem fotossensibilização devem evitar a todo o custo a exposição solar.

 

 

Alimentação

 

A alimentação é uma das principais fontes de doença nos países exóticos, e deve ser alvo de uma atenção muito especial por parte do viajante. O tipo de alimentos à escolha e a sua preparação são consideravelmente diferentes da “cozinha tradicional” a que o viajante poderá estar habituado, o que desde logo poderá causar alterações gastro-intestinais.

Contudo, o principal problema são as temperaturas elevadas e as deficitárias condições de higiene que facilitam a contaminação dos alimentos e das bebidas, que, quando ingeridos, podem provocar diversos tipos de patologias, como episódios agudos de diarreia (a chamada “diarreia do viajante”), ou infecções intestinais mais graves como a cólera, e ainda outro tipo de infecções como a febre tifóide, hepatite A, ou infecções parasitárias. Os alimentos contaminados podem não apresentar alterações de aspecto, parecendo nas devidas condições de conservação, o que aumenta o risco.

Assim, existem algumas medidas de higiene alimentar e sanitária que devem ser adoptadas para evitar a contaminação de alimentos e bebidas (ex.):

- os alimentos devem ser sempre bem cozinhados, e devem ser consumidos logo após a sua preparação;

- os alimentos que se ingerem crus devem ser bem lavados com água tratada e descascados pelo próprio;

- as saladas cruas são de evitar, e o mesmo para os produtos adquiridos em vendedores ambulantes;

- deve beber-se sempre água engarrafada ou, quando muito, água desinfectada pelo próprio (tratada pela fervura ou lixívia; filtrar não é suficiente);

- quanto ao gelo, é preferível uma bebida pouco fresca a uma bebida com gelo feito a partir de água corrente e potencialmente contaminada. A alternativa é ser o próprio a fazer o gelo a partir de água engarrafada ou fervida;

- os gelados podem estar contaminados, pelo que devem ser evitados;

- o chá e o café devem ser preparados com água fervida ou engarrafada, e ingeridos ainda quentes;

-existem peixes e mariscos que em certas alturas do ano contêm toxinas, pelo que o viajante se deve informar no local, e evitar o seu consumo;

- sempre que não há certeza quanto à pureza dos alimentos e das bebidas, recomenda-se que se comam pequenas quantidades de cada vez, para que no caso de ingestão de bactérias ou toxinas, o teor seja fraco e de fácil neutralização pelo ácido do estômago.

 

Um cuidado básico e rotineiro de higiene, mas essencial e a repetir várias vezes nestes países, é o de lavar as mãos: devem lavar-se antes e depois de manusear alimentos e sempre depois de ir à casa de banho.

No caso de ocorrer uma diarreia é fundamental que sejam ingeridos líquidos em abundância, de preferência ricos em sais e açúcar, para prevenir a consequência mais grave que é a desidratação. Não devem ser tomados medicamentos antidiarreicos que parem os movimentos intestinais a não ser por indicação médica.

 

Picadas de insectos (malária)

 

Na maioria dos destinos tropicais existem doenças infecciosas endémicas, como por exemplo a malária (ou paludismo) que é uma doença transmitida por insectos. Uma vez que a malária é transmitida pela picada de mosquitos infectados, é essencial “erguer defesas” contra esses (e outros) insectos:

- deve usar-se repelente de insectos, aplicando-se nas zonas do corpo expostas;

- vestir roupas claras que protejam a maior parte do corpo (roupa comprida e com mangas);

- evitar sair ao amanhecer e ao entardecer (não andar na rua entre o pôr e o nascer do sol, altura em que os insectos estão mais activos);

- manter janelas e portas fechadas;

- de noite permanecer em locais com ar condicionado e com redes protectoras nas janelas e portas;

- as camas devem ter redes mosqueteiras e deve-se verificar se existem mosquitos no seu interior ou se estão rotas. A rede pode ser impregnada de repelente de insectos e o interior pulverizado;

- pulverizar a casa com insecticida.

 

É fundamental que seja administrada a medicação anti-palúdica receitada na consulta do viajante. Os medicamentos e as doses a tomar variam com a região para onde se viaja, bem como com a idade, existência de alergias, e gravidez. Mas geralmente a prevenção é iniciada uma a duas semanas antes da chegada à região endémica, prolonga-se por toda a estadia e termina algum tempo após o regresso.

 

 

 

Em suma ficam aqui alguns conselhos para quem pretende viajar. É importante não esquecer que os idosos, doentes crónicos, mulheres grávidas e bebés, devem ter cuidados acrescidos quando em viagens prolongadas, e devem consultar o médico antes de partir, para se aconselharem e para tomarem todas as medidas para prevenir possíveis problemas de saúde ou agravamento de doenças durante a viagem.

 

Para além disto a “consulta do viajante”, disponível nos principais hospitais portugueses, é também indispensável, para que, conforme o local para onde viaja, receba as vacinas, o tratamento anti-palúdico mais eficaz, e alguns aconselhamentos específicos. Nessa consulta o viajante, depois de examinado pelo médico é informado sobre as medidas profilácticas a tomar. É importante que esta consulta se faça com alguma antecedência face à viagem, de modo a assegurar a eficácia da prevenção (algumas vacinas, como a que confere imunização contra a febre amarela, requerem cerca de seis semanas para actuarem).

 

Se se prepara para viajar, previna-se, e boa viagem!