Março/Abril - Rinite Alérgica

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Com a Primavera chega também o pólen e, com ele, as alergias associadas ao "pingo no nariz". Saiba como funcionam e como contorna-las de forma simples e eficaz.

 

 

 A rinite é um processo inflamatório agudo ou crónico que resulta de um mecanismo alérgico localizado que origina espirros, aumento da secreção nasal (rinorreia)  e obstrução nasal.

Existem dois tipos de rinite alérgica: a rinite alérgica sazonal e a rinite alérgica perene.

A rinite alérgica sazonal é desencadeada pelos polens das gramíneas e esporos de fungos, sendo presente sobretudo na época da polinização, fora de casa com tempo quente , seco e ventoso e melhora com tempo chuvoso, região marítima e altitude.

A rinite alérgica sazonal é desencadeada pelos alergenos ambientais , presentes todo o ano tais como os ácaros do pó da casa, os esporos de fungos, pêlos e penas de animais, fibras naturais, enzimas de detergentes, componentes de sprays, solventes quimicos, fumos, poluição, alimentos e medicamentos. Os sintomas agravam dentro de casa e de manhã e podem ter exarcebação sazonal.

Além das rinites alérgicas existem outras de foro não alérgico que convém distinguir e devem ser diferenciadas:

  • Uso exagerado de vasoconstritores nasais (rinite medicamentosa)
  • Deficiência anatómica por desvio do septo nasal
  • Presença de corpos estranhos no nariz
  • Deficiências do sistema nervoso autónomo ( rinites vasomotoras)
  • Infecção como a constipação, gripe (rinite infecciosa)
  • Traumatismo craneano com rinorrea cérebro espinal
  • Alterações vasomotoras que podem surgir no periodo pré- menstrual e na gravidez.

 

Como surge?

A rinite alérgica resulta de uma reacção antigénio-anticorpo localizada.

O primeiro contacto com o alergeno não provoca qualquer reacção: o sistema imunitário limita-se a reconhecê-lo e só nas vezes seguintes desencadeia os sintomas.
Os anticorpos específicos entram em acção, libertando os mediadores químicos da inflamação , como a histamina,responsáveis pelos espirros, pelo nariz congestionado ou a pingar, pelos olhos lacrimejantes.

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Quanto mais tempo persistirem os sintomas maior será a possibiliade de ocorrerem alterações crónicas, como:

  • Espessamento do epitélio da mucosa
  • Perda de cilios epiteliais
  • Desenvolvimento de polipos nasais
  • Bloqueio das trompas de Eustáquio
  • Infecções crónicas do tracto respiratório superior

Como prevenir?

O afastamento dos alergeneos é difícil, no entanto deve:

  • Evitar limpar o pó com espanadores e bater carpetes
  • Utilizar panos húmidos ou aspirar
  • Evitar ambientes com fumo e pó
  • Evitar dormir com as janelas abertas
  • Evitar passear pelo campo na altura da polinização
  • Não ter animais domésticos com pêlos ou penaspastedGraphic_3.pdf
  • Retirar carpetes e alcatifas dos quartos de dormir
  • Utilizar material de colchoaria e tecidos feitos com fom fibras sintéticas. Forrar o colchão e a almofada com um plástico.
  • Pulverizar trimestralmente o quarto de dormir com spray acaricida apropriado

Como tratar?

  • Antihistamínicos

Actuam sintomaticamente, bloqueiam os receptores H1 da histamina existentes no músculo liso, competindo com a histamina ao nível do local da acção. São bastantes eficazes no controlo da rinite alérgica mas após algumas semanas ou meses de uso regular verifica-se uma diminuição da su eficácia.

A principal contra-indicação ao uso dos antihistamínicos está relacionado com o facto de provocarem sonolência. Podem tambem provocar secura das mucosas, prisão de ventre, retenção urinária e aumento da pressão intraocular. Estao portanto, contra. Indicados em indivíduos com retenção urinária, idosos com hipertrofia da próstata e em doentes com glaucoma de ângulo fechado.

  • Vasoconstritores nasais tópicos

Estimulam os receptores da musculatura lisa dos vasos sanguíneos promovendo a sua constrição e diminuem o fluxo sanguíneo ao nível do edema nasal. O efeito terapeutico é rápido mas pouco prolongado com efeitos sistémicos fracos, mas se forem mal utilizados apresentam o risco de originarem rinites medicamentosas ,o seu uso deve  ser limitado a 3 - 4 dias nas doses e nos intervalos de administração correctos.

Estes produtos são comercializados na forma de gotas ou sprays. As gotas têm o inconveniente de não cobrirem a mucosa nasal e poderem ser deglutidas. Aconselham-se para crianças com menos de 6 anos devido à pequena abertura das narinas. Para se administar correctamente as gotas nasais,  o doente deve estar deitado e com a cabeça inclinda para trás,a gota deve ser colocada na narina, evitando tocar com o conta gotas na mucosa. O doente deve permanecer deitado durante 5 minutos rodadando a cabeça nos dois sentidos para promover uma absorção uniforme do medicamento. Após cada uso o conta gotas deve ser lavado, cada frasco deve ser de utilização inividual.

No caso dos sprays, o doente deve assoar-se alguns minutos após a nebulização e só repetir a aplicação se a mucosa continuar congestionada.

Para prevenção da contaminação da solução tambem devem ser tidos em conta na utilização dos sprays os cuidados anteriormente referidos para as gotas.

  • Terapêutica adjuvante

No caso da rinite alérgica como terapeutica não farmacológica  deve ser sugerido, as inalações com ar húmido quente, porque reduzem os sintomas sem qualquer efeito adverso.

  • Hipossensibilização e imunoterapiapastedGraphic_4.pdf

Reduz o número de sintomas tornando-os facilmente controláveis por medicação  sintomática.  Aplica-se nas alergias aos ácaros, pós domésticos, pólens e alguns fungos.  Injectando ao longo de um ano quantidades crescentes de antigénio, irão processar-se modificações imunológicas que aumentam a tolerancia do indivíduo. Se os resultados obtidos ao fim de 1 ano forem favoraveis, irão fazer- se injecções de “rappell” mais espaçadas , durante mais 3 a 5 anos .Os resultados mais favoráveis são obtidos em doentes jovens.

Para o com rinite alérgica, o Boletim Polínico é fundamental, uma vez que, informando o doente sobre as concentrações polínicas previstas, este pode actuar preventivamente, através de atitude terapêutica  e instituir medidas para diminuir a exposição aos pólens. Desta forma, o doente com rinite alérgica ou com outras doenças alérgicas, evita os sintomas incomodativos e melhora significativamente a sua qualidade de vida e da sua família.

Pode  consultar o boletim polinico em: http://www.rpaerobiologia.com/publicacoes/?iml=PT&imr=4n