Janeiro/Fevereiro - Os Piolhos

Versão para impressão
 Conheça as melhores maneiras de lidar com os Piolhos, um problema associado normalmente às crianças em fase escolar mas que afecta o Homem transversalmente à sua idade.

 

PEDICULOSE 

 

Os piolhos são insectos responsáveis pela pediculose, infestação geralmente contagiosa e uma das mais comuns, responsáveis por dermatoses (doenças da pele). 

Os piolhos apresentam no seu desenvolvimento, as fases de ovo, larva e adulto, sofrendo metamorfoses muito incompletas.

São insectos ovalados, cinzentos, apresentando o corpo trissegmentado, coberto com quitina e são sensíveis à temperatura desenvolvendo-se rapidamente aos 28ºC. Desprovidos de olhos, têm patas bem desenvolvidas que terminam em garras, que os ajudam a fixar-se firmemente ao hospedeiro para o qual possuem especificidade, isto é, os piolhos humanos infestam apenas o Homem apesar de se transmitirem facilmente de indivíduo para indivíduo. 

Estes alimentam-se várias vezes ao dia, picando o hospedeiro e vivem cerca de 6 a 8 semanas, são ovíparos e, após a cópula, as fêmeas têm uma postura de 50 a 150 ovos esbranquiçados com cerca de 1mm, denominados lêndeas, que ficam colados ao cabelo, pêlos ou vestuário, consoante a espécie e variedade, por meio de uma substância segregada em simultâneo com a postura. Ao fim de uma a duas semanas, já há indivíduos adultos.

A infestação é associada à falta de higiene e de condições sanitárias, o que nem sempre é real, pois o contágio é feito muito facilmente de cabelo para cabelo ou até através de pentes, roupas, chapéus e cachecóis.

O sintoma mais característico é o prurido. Ao picar, provocam uma reacção urticariforme responsável pelo prurido típico desta infestação, efeito este que apenas se produz após um certo número de picadas consecutivas, o que significa que quando surge o prurido, a infestação já está instalada, pelo menos há duas semanas.

Quando uma infestação se prolonga por muito tempo ou é muito grave os indivíduos podem apresentar manchas azuladas na pele, causadas por uma reacção alérgica das células sanguíneas às proteínas salivares do parasita. 

Os tipos de piolhos que parasitam o Homem são:

- Piolho da cabeça, Pediculus humanus, variedade capitis, que se fixa nos cabelos;

- Piolho do púbis, Phthirius pubis, adaptado aos pêlos da região púbica e axilar, podendo encontrar-se noutras zonas como pestanas e sobrancelhas. O piolho púbico é mais pequeno e é considerado uma doença de transmissão sexual. Para além da transmissão individuo a indivíduo, a transmissão por partilha de cama ou casa de banho também acontece. No caso de pediculose das pestanas deve aplicar-se pensos oclusivos, duas vezes ao dia durante dez dias para asfixiar os piolhos e lêndeas, retirando-os depois com uma pinça;

- Piolho do corpo, Pediculus humanus, variedade corporis, ao contrário dos anteriores não vive na pele ou no cabelo mas sim nas roupas, e surge, principalmente, em indivíduos com condições de higiene precárias. As lesões localizam-se no tronco, cintura e coxas.

Na pediculose da cabeça o piolho localiza-se selectivamente junto à raiz do cabelo, por ser um insecto hematófago, sendo os indivíduos com cabelos curtos os mais facilmente contaminados e agentes contaminadores. O nível etário mais atingido é o correspondente à idade escolar, sendo a raça branca mais afectada do que a raça negra.

A melhor forma para se proteger da pediculose passa pela prevenção, nomeadamente:

- evitar partilhar objectos pessoais tais como pentes, escovas, almofadas, toalhas, chapéus, etc.;

- evitar a partilha da cama e roupa por mais do que uma criança;

- verificar frequentemente a cabeça das crianças em idade escolar e avisar a escola em caso de suspeita.

Mas quando a prevenção não é eficaz e se detecta a infestação, que consiste em visualizar os piolhos vivos (é mais fácil esta visualização na parte superior da cabeça e junto às orelhas e pescoço) existem algumas técnicas para proceder à desinfestação,

- lavar todas as roupas (incluindo as de cama) a quente (60ºC), e as que não podem ser lavadas devem ser seladas num saco plástico durante 15 dias;

- lavar os objectos possivelmente infestados com água quente, durante 10 minutos;

- tratar dos elementos do agregado em simultâneo;

- observar as cabeças, usando luvas e com o auxilio de uma luz forte, pois as lêndeas são assim mais fáceis de visualizar e removê-las com o auxilio de um pente fino.

O tratamento é local e destina-se a matar os piolhos e os seus ovos (lêndeas), sendo os mais utilizados:

- lavar o cabelo com água e vinagre (duas partes de agua para uma de vinagre);

- utilização de permetrina, sendo que depois de lavar a cabeça com um champô de permetrina, o cabelo deve ser deixado a secar ao ar, pois o calor do secador pode neutralizar o poder pediculicida desta substância; 

- utilização de dimeticone, uma espécie de silicone que forma uma película que envolve o piolho e a lêndea provocando a sua morte por asfixia. 

Aquando da aplicação do tratamento os olhos das crianças devem ser protegidos e após se ter efectuado um tratamento, o cabelo deve ser penteado com um pente fino pois as lêndeas mesmo depois de mortas não caem do cabelo e deve ser utilizado um champô como forma de prevenção de nova re-infestação.

No entanto, nenhum tratamento deve ser utilizado como forma de prevenção, sendo utilizados apenas após a certeza de que se está perante uma infestação.

Share